Mas não lhe digam que é ele que está errado. Não lhe digam que é ele quem não quer ver um mundo melhor. Não lhe digam sequer que ele tem uma mente fechada.
Toda a sua vida foi magnífica até aos dez anos. Nunca os pais tinham discutido até então e nunca houve falta de nada que não fosse necessário. Mas isso terminou. E terminou sem explicações. O pai saíu de casa por uns dias e nunca mais voltou. A mãe agarrou-se aos cigarros, ficou com as dívidas e foi pai e mãe.
E isso é a única coisa que ele admite. Ter pai e mãe apenas com a presença de um ser. Porque ele sabe o que é descobrir que o pai gosta de pais e sabe que nasceu porque o pai se negava a isso. Pobre era a sua mãe que nunca o percebeu. Amava-o.
E não lhe digam que ele está errado. Porque ele sabe o que é ver os colegas a falarem dos seus pais como sendo os super-heróis da família. Ele sabe o que é não poder dizer o mesmo.
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