domingo, 28 de abril de 2013

Fés

  A igreja assusta-me. Perdão, não é a igrejas, são as missas! Há igrejas lindíssimas e devem ser visitadas, apreciadas. Mas as missas, perdão, assustam-me!
  Digo isto porque frequento missas, e não me tomem por ateu. Antes prefiro que me chamem parvo por frequentá-las, mas ateu não.
  Mas foquemo-nos no assunto. Pessoas que dão dinheiro para perdoarem pecados estão a pecar por subornar. Subornarem-se a si mesmas. Pobres, essas pessoas, que cantam deixas na missa sem saberem o que estão a dizer. Assusta-me ficar a ver bocas a mexerem-se todas ao mesmo tempo. Parece que desligo de tudo, naquele momento só vejo bocas. Bocas medonhas.
  E depois o padre... Dá a sua homilia e metade da igreja nem sequer o vê, nem quero imaginar quantos o ouvem... Chego à conclusão que são pessoas que vão à missa porque estão habituadas a fazê lo desde cedo, pessoas que sabem até o que o padre vai dizer a seguir e dizem-no mas apenas porque estão habituadas. Pessoas beatas. Pessoas estranhas...

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Calhou

  Escrevo quando calha. E calha, normalmente, quando escrevo. Isto é: palavra puxa palavra assim como os plurais puxam S's.
  Escrevo quando calha. E calha, normalmente, quando as emoções estão a trovejar. Penso que isso é vulgar no mundo dos grandes escritores, e não é isso que me aflige. Aflige-me sim o facto de querer escrever para público velho e receber elogios adolescentes. Querido público, isso é medonho. E não quero criticar os que me assistem, pois é esse público que me faz ser crítico.
  Escrevo quando calha. E calha, normalmente, não saber o que quero. Mas continuo a escrever. Palavra puxa palavra e as emoções dentro de mim estão numa tempestade maior que a que me fez escrever a primeira palavra.
  Parece-se quase como um vírus.  Não o vejo mas ataca. E sendo eu o único médico para esta doença, até me dá um certo gozo tentar descobrir a cura. Cura não encontro, mas o gozo de tentar encontrar cura, cura isso. Cura e descura, porque ainda não levantei o lápis do papel. Mas pouco importa depois do gozo que vou tendo...
  Volto assim, com a mão já suada a lembrar-me que escrevo como um adolescente. Escrevo quando calha. E calha, normalmente, parecer autista quando escrevo. Desligo-me do mundo - como um adolescente perdido - e quando acordo já tenho duas páginas escritas. Escritas com palavras que não sei de onde vieram e que só fazem sentido a adolescentes.

pequenos desabafos

  Não sei.
  Fico perdido. Ora penso em cumprir objectivos, alcançar sonhos; ora penso em apenas viver. Não que seja mau, não que desista, mas viver no melhor sentido da palavra. Viver realmente. Sem confusões, nem dramas. Com chatices para dar ânimo e desgraças para acalmar.
Mas até isso de viver tem o senão. E o que é viver sem sonhos? como posso apenas viver sem tentar alcançar sonhos? Sem cumprir objectivos que me deixem a cabeça cheia?
  Bem, vou deixar andar. Afinal, viver não é também deixar andar? Estarei errado? Confuso?