Escrevo quando calha. E calha, normalmente, quando as emoções estão a trovejar. Penso que isso é vulgar no mundo dos grandes escritores, e não é isso que me aflige. Aflige-me sim o facto de querer escrever para público velho e receber elogios adolescentes. Querido público, isso é medonho. E não quero criticar os que me assistem, pois é esse público que me faz ser crítico.
Escrevo quando calha. E calha, normalmente, não saber o que quero. Mas continuo a escrever. Palavra puxa palavra e as emoções dentro de mim estão numa tempestade maior que a que me fez escrever a primeira palavra.
Parece-se quase como um vírus. Não o vejo mas ataca. E sendo eu o único médico para esta doença, até me dá um certo gozo tentar descobrir a cura. Cura não encontro, mas o gozo de tentar encontrar cura, cura isso. Cura e descura, porque ainda não levantei o lápis do papel. Mas pouco importa depois do gozo que vou tendo...
Volto assim, com a mão já suada a lembrar-me que escrevo como um adolescente. Escrevo quando calha. E calha, normalmente, parecer autista quando escrevo. Desligo-me do mundo - como um adolescente perdido - e quando acordo já tenho duas páginas escritas. Escritas com palavras que não sei de onde vieram e que só fazem sentido a adolescentes.
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